quarta-feira, 2 de maio de 2012

Filosofia Moderna e suas características

Filosofia moderna é aquela que se desenvolveu durante os séculos XV, XVI, XVII e XVIII, tendo seu início no Renascimento e se estendendo até Emanuel Kant.

Esta filosofia possui algumas características que são consequências da perda de contato com as grandes sínteses surgidas no século XIII, sendo as principais as seguintes:

1. Individualismo: quer dizer, a tendência a descuidar da tradição para acentuar o caráter pessoal do próprio pensamento. A filosofia medieval, caída em descrédito, é comumente ignorada ou conhecida superficialmente. Os novos filósofos não crêem que valha a pena obter conhecimentos profundos acerca de uma doutrina que todos consideram superada. Daqui a tendência a construir cada um uma síntese total desde os fundamentos, e daqui também a multiplicidade de sistemas, aliás contraditórios entre si. A atitude de Descartes, como a de Bacon e a de Kant, é a de começar desde o princípio, refazer o todo, ser iniciadores.
Nasce desta maneira uma alteração do conceito de verdade filosófica que se contamina com o de
2. Originalidade: contaminação não declarada, mas real. Concebe-se a originalidade mais como novidade que como 're-pensamento', penetração e desenvolvimento progressivo de um núcleo já discutido e aceito. A filosofia tende, deste modo, a apresentar-se como uma revelação, uma manifestação da individualidade de cada filósofo, fracionando-se nas várias 'visões de mundo', condicionadas pela capacidade engenhosa de cada personagem e de cada nacionalidade. Parece que se perde o conceito mesmo de verdade e de filosofia como patrimônio necessariamente universal e susceptível, portanto, de graduais aperfeiçoamentos, para transformá-lo no conceito artístico de criação original.
A originalidade da filosofia traz consigo outro caráter a mais
3. A liberdade de procedimento: não somente no sentido de independência da doutrina revelada, mas também no sentido de falta de preocupação demonstrativa; as obras filosóficas dos tempos modernos têm uma forma expositiva e, frequentemente, mais que demonstrar, sugerem; mais que persuadir, sugestionam. Isto vai ligado, em parte, também, com o abandono da forma silogística e em geral com o descuido dos procedimentos formais: a escolástica decadente havia abusado deles, a filosofia moderna não os usa.
Outros dintintivos da filosofia moderna são a crescente tendência a fazer da razão não somente o tribunal supremo, mas também a característica peculiar do homem; sua separação completa da teologia, sendo-lhe muitas vezes até mesmo hostil; o abandono da língua latina, substituída pelas línguas vulgares; a multiplicação dos centros de cultura devido a quebra da unidade doutrinária: a cismundanidade, ou seja, o objeto de estudo passa a ser preponderantemente o mundo de cá, dos homens, abandonando quase por completo a transmundanidade tão presente na filosofia realista; daí, a atenção voltada primordialmente para a Natureza, levando deste modo ao triunfo do ponto de vista do quantitativo e do mensurável.
De tudo isso pode-se inferir que o significado, a validade das diversas sínteses da filosofia moderna não está na sua integridade de síntese, mas somente naquelas doutrinas parciais e naqueles aspectos também parciais que constituem, de fato, não um abandono, mas um estudo mais profundo e um desenvolvimento de elementos que podem enriquecer as grandes linhas da síntese filosófica realista, objetiva, verdadeira.
Paulo Barbosa.

* Fragmentos retirados de http://civilizacaoeambiente.blogspot.com.br/2009/08/caracteristicas-da-filosofia-moderna.html

Um comentário:

  1. Podemos dizer que a filosofia moderna surge em contraposição a Filosofia Medieval, por exemplo, se a Filosofia Medieval era escolástica, teologica, a moderna era humanista e antropocêntrica, isto é, em vez de pensar Deus, ou do ponto de vista de Deus, pensa-se o homem, ou do ponto de vista do homem.

    Duas noções fundamentais estão ligadas ao moderno:

    • A idéia de progresso, que faz com que o novo seja considerado o melhor;

    • E a valorização do indivíduo, ou da subjetividade como lugar da certeza e da verdade.

    Fonte: http://dirleydossantos.blogspot.com.br/2010/01/filosofia-moderna.html acessado em 04 mai 2012.

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